21 setembro 2007

arrebentar; morrer

te falo de paganismo com a boca velada. às vezes a coragem é tanta, me toma de assalto, me jogo frente às coisas; touradas, estradas, maracatus. saio ilesa da jaula dos leões ferozes onde o prato principal é a desgraça; e eu, a sobremesa. degustada por paladares refinados, pessoas conceituadas e de alto intelecto, ela (femme fatale que é) envenena a todos com sutileza - a primeira. e a segunda, eu, flutuo por entre outros corpos mortos no mar new-wave-bossa-nova que sempre desejamos. algumas canções de bowie amenizam o estado psicótico de toda a situação, mas de arco-íris endireitado ninguém gosta. (só você). se fosse música de elevador e eu dissesse que é bowie, talvez acreditassem. e , juro, não há deleite algum. me refiro a isto quando digo que te separei do mundo e das coisas que a ele pertencem. então derreto e me misturo ao mar silencioso - submersa, primeiramente em mim mesma, num devaneio clariciano jamais visto. já não sei se sou areia ou água - e embora eu não entenda de galanteios ou vocábulos sofisticados do amor romântico, remeto ao que é doce - cansei do lugar-comum que me deram. às vezes me perco entre as avenidas e as bocas inquietas e te condeno pois não há reinado que sobreviva ao caos. mas não gosto de reis tampouco de rainhas - a monstruosidade imperiosa há de ser destruída.


então,
meu amor,

te deixo aqui - branco, claro, livre e sutil - a poesia que não sei fazer.

2 comentários:

Jim Selva disse...

Paradoxalmente, acredito ser desnecessário comentar, posto que está tudo aí. Como de costume

george jung disse...

lindo. e translúcido.