e se te disser que voltei a acreditar em deus
e que deixei de acreditar na lógica
e que o iraque já não espanta
(nada espanta)
e que não sinto a velha gana por palavras
(a demonstrar o indemonstrável)


estive na encruzilhada. dediquei a robert johnson meu mais belo orientálico blues ornamental
escrito à alma

(deveria ser esporte olímpico.
blues ornamental
4x4
raso
on ma knees at da crossroads)


eu ouço as histórias. pessoas falam, ouço.
e elas dizem sobre mágoas e frustrações e problemas com o orçamento doméstico e experiências extra-sensoriais e abduções e promoções e demissões e decadências
(descargas eletro-cinzas)
destilam seus vazios em negligência de amor-próprio, eu admito: dos crimes me interessa em nada o criminoso
os seus
motivos


fazer planos distantes parece igualmente sobre-humano. grande o esforço físico e mental do qual me poupo,
além do próximo mês e meio
vá se saber
quanta água correrá sob a ponte
e se será água de rio ou de lagoa
ou
de
oceano


o mar
a terra


mas agora,
prefiro esperar.
saber do que tenho e do que quero ser
e construir,
i will.
(à preciosa mulher boa...
eu mutante alucinante apaixonante em nós)



buscar a arte requer envolver-se nela
como um manto que esquenta mas machuca e apimenta as feridas
porém precisa o artista viver
este um dilema.
evitar a regurgitância sazonal empírico-modorrenta
as sempre mesmas coisas, mesmas dores e amores rasos e fake
as mesmas preocupações tolas fúteis mesquinhas fotológnicas
reciclando o nada modificando-lhe a forma as concordâncias os sufixos e prefixos e adjetivos e frágeis as tentativas de fazer em dicionário o limitado pronome pessoal de primeira pessoa
eu
eu
eu
eu
eu quero matar o ego
condenar o ego
à mais dura pena


falemos de nós.


me canso fácil, mas não de mim
e tenho fome. de mundo. de vida. da poesia
dela
e do seu amor
à janela

(uma rima um estandarte logo acima ao sol que par te)