01 fevereiro 2008

Putaria em havana nights

Charutos cubanos, escritores de merda e uma pá de maluco de fala pomposa; os caras são cheios de pose, tal qual aquele outro que ostenta a fama de um Rolls Royce na garagem - sonho lisérgico, praticamente um rapper com dentes de diamante. Deu cinco tecos e veio me falar de taquecardia, um bagulho horroroso, não dei muita trela e continuei a filar meu cigarro e bebericar um drinkzinho vermelho que já não lembro o nome. Falava me cuspindo na cara e eu tentando manter a pose de está-tudo-bem. O cara era mesmo um filho da puta incansável. No meio da batedeira, disse que outro dia foi almoçar e a atendente do Mc Donalds era a cara da Scarlett Johansson, me jurava de pé junto, louquíssimo, com um olhar medonho - nada daquela porra me interessava. Era um universo molotóvico, gente de toda cor-espécie-credo; eu, de fato, me sentia um peixe fora d´agua e me perguntava quem ali não se sentia desse jeito também. Uma das minas, esquema cachorrona do funk (os moralistas que me perdoem), tinha uma tatuagem em cima da bunda: love has passed me by - eu achei cult, viu. Eu achei cult. O filho da puta incansável percebeu que meus olhos repousaram uns segundos naquela tatuagem e veio me falar que a mina era gringa, veio da Austrália e os caralhos. À essa altura, me sentia um tornado humano, já um tanto embriagada de drinkzinhos vermelhos - o garçom me serviu três seguidos, foi com a minha cara ou pensou "vou deixar aquela roqueirinha descabelada de merda bêbada". Não era questão de naipe, naquela noite rolou de tudo, vi até uma trava padezeira no banheiro, com um cabelão Amy Winehouse e também com o mesmo nariz farinhado - o pessoal do pó não perdoa ocasião nenhuma, se tem pó, vai lá e manda, foda-se; a cocaína tem dessas, te deixa feito um cachorro querendo meter em qualquer perna, não há o não-cheirar como não há o não-meter.

Limpa, tentei me esquivar daquela festa-pesadelo, liguei o foda-se e voltei pra casa de táxi, embora sempre me doa horrores gastar dinheiro com táxi; foi um dinheiro bem gasto, visto que eu, em fase de recuperação - prezando pela minha alma livre daquela sujeirada toda - queria mesmo era botar a cabeça no travesseiro e fazer planos pra dias ensolarados, zens e felizes.

21 anos me bastaram: cara, eu cansei da noite.

4 comentários:

Anônimo disse...

ahhhhhhhhh...


pasmei!!!
com 21 anos, no meu caso 26, a melhor coisa da vida é cansar da noite e começar a viver!


ticuida, linda, que vc carrega coisa boa demais pra deixar no tampo e ser assoprada pela medíocre aglomeração around [e isto que eu só te leio... imagina o dia que te ouvir? síncope!]

=*
bjoficabemnotáxi

tharita

LéoFreitas disse...

estaremos sempre iluminando suas noites, seus dias escuros.

pode contar com isso.

♥~

Anônimo disse...

pois é. vc acordada e eu dormindo. ai essa vida de fases. amores. trabalhos. o rock não aguenta.

Paula Macedo disse...

bora pa bonatchi mica