14 junho 2007

Manual da destruição

Entre setembro e outubro. Os melhores meses do ano. Cabeças e cabeças em um local com música ensurdecedora. Era ali um dos melhores momentos de sua vida. Enfurnado em um beco que cheirava a cigarro, sangue sexo e álcool. Um se pertencia. O outro observava o casal.
Chegava perto, primeiras sugestões de contato. Começava uma história que não teria fim, ou teria, se um deles fosse capaz de morrer ou se render à auto-destruição.
Na primeira vez trocaram os telefones. Na segunda eram corpos independentes buscando o conhecimento geral. Como a virgindade que voltava em seus tempos mais áureos, logo se entregaram.
Decepção é como eu descreveria. Diálogos freqüentes de pura ofensa que escondiam paixão, mesmo que no subconsciente de cada um.
Entre diferenças sociais, cigarros e trabalho com mais valor, conviviam diferenças que jamais se entenderiam, mesmo com o esforço da amizade.
O sexo era puro. Todo o rendimento à intimidade. Suor, hálito, cheiro de perfume caro, lençóis, boca, uma a uma. Olhos, carinhos, toque. Paixão na sua mais escrota forma.
Sempre que obsessivo, havia um baque, uma força que jogava para trás. Não existiu ali contato, embora pudesse parecer.
A ilusão de duas pessoas que vão sempre se rever e reviver seus grandes momentos. Mesmo que a relação e a profunda intimidade não exista. O mais importante da vida é o amor e aqui só havia solidão. Mal sabiam eles que cada vez que se entregavam marcavam um encontro com si mesmo.
A necessidade, porém, falava mais alto. Não importa quantas pessoas cheguem, até que um deles sofra na cama com sangue derramado, existirá a dependência. Doses que não causam overdose, mas levam à profunda depressão.

2 comentários:

LéoFreitas disse...

impressionante ver como vc amadureceu nesse processo q acompanhei não tão de perto como gostaria, dan.
mas o suficiente para perceber o quão forte foi.

Anônimo disse...

toucinho..