25 agosto 2007

lapa

o maluco do bar tava sentado. cabeça baixa, tomando uma breja. quieto. eu, no terceiro cigarro. quieta também. noite. um policial me pediu fogo. botei o isqueiro na mão dele. me olhou nos olhos. três moleques sendo enquadrados na esquina. perguntei que porra tava rolando. que você acha?, me respondeu. seco. fiquei quieta. molecadinha de hoje em dia sempre tem maconha no bolso. até você deve ter. continuei em silêncio. porco. eu pensei. porco. senhor farda de merda mestre das verdades se dirige ao maluco do bar. pergunta alguma coisa e vai embora. e o maluco do bar continua de cabeça baixa. conto as moedas no bolso. you're gonna fall, mister know it all. o ônibus chega. LAPA escrito em laranja. entro. se jesus pegasse ônibus, quem cederia lugar? julgar ou ser julgado. fica aos descrentes o inferno, segundo a enciclopédia católica. todos quietos no ônibus - silêncio infernal. almas mudas. pensamentos psicopatas. um pensa no almoço de amanhã. o outro na namorada. no bolso, só moedas - maconha nenhuma. e eu penso que é noite. é noite. e eu vou pra casa.

5 comentários:

george jung disse...

sensacional.

LéoFreitas disse...

nossos pensamentos ainda são nosso único segredo irrevelável.

Felipe da Fonseca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Felipe da Fonseca disse...

hum...

Escrevendo pra esquecer disse...

Ótimo, como sempre! Acho que eu to ficando apaixonado...E ainda pra ajudar eu to escutando Emerson Drive cantando Moments.