Flutuando a meses
desperta na aurora de um fatídico dia 10
escarrado para um mundo torto
apanha para saber o seu lugar, e chora.
O primeiro choro,
Advento de centenas de outros que ainda estariam por vir
Não és bravo não forte,
muito menos filho do norte.
O que não resta é a duvida de que esse choro
Será um grito de morte, que grandes guerreiros irão ouvir.
Trôpego segue em frente, e vê este vasto mundo.
Burro nunca foi,
Sabe que mesmo antes de nascer ,
Cogumelos brotavam do chão,
Assim como rosas,
Não as rosas de maio de 64,
Mas rosas com real cheiro de morte.
E as analogias de guerras com plantas não teriam graça.
Se, e se somente se, não soubesse como se diz:
“Arbusto” em inglês.
Difícil não se alegrar ao ver este céu cinza
É só mais um fósforo
De chama breve que logo extinguirá
Essa brevidade que traz a mágica
Pouco, pouco tempo ...
Mistérios a ser vividos,
Incertezas do amanha que tornam o hoje,
Tão delicioso e torturador como um incenso que se apaga
E deixa teu perfume de saudade
E isso sim é certo,
Tão certo como dois e dois são sete,
Dobre e terá catorze faces.
Faces sujas descobertas a cada linha,
Esboços de alguém decadente que brilha tanto que se apaga.
Veja como uma estrela do mar é linda.
No mar.
E é bem mais bonita no mar do que em sua mão..
A liberdade traz o belo
Possibilita o novo
Que é coxo.
Que te destrói ,
É imundo como qualquer pessoa
Mas que é excitante como tua carne.
Inspirar loucuras, é isso.
Que nos faz buscar o que não sabemos o que é,
E
Nunca tivemos a menor noção de onde está
Mas sempre , sempre , mesmo sem saber procuramos.
Infinito como um copo de absinto
São as coisas que você pode fazer
Basta viver.
A criança que corre por entre as mesas,
Sorri,
Derruba as pessoas, e a si mesmo.
a mãe que assopra, a ferida que já não dói
Quente como seu próprio coração ,
ela te abraça...
E em suas asas o mundo é mais calmo,
É um prólogo do que os católicos chamariam de céu.
Não se sente medo, não se sente frio
E tem um gosto aveludado doce como uma canção.
Amor mais belo de veras não há.
e o caminho ela te mostra
e a vida ela te apresenta .
caminhos sinuosos
não são tão calmos
e a beleza...
bem a beleza, fica no meio do teu cu.
Nesse mundo que um dia já chamaram de azul.
Desde que ele te ofereceu o lanche,
Que de imediato foi pago com um largo sorriso
Soube o que era amizade
As doze anos ,
Matando aula, Naquele balcão do bar,
Tomando algo de idade inferior (és pobre)
Sente que a tua vida à ele pode confiar,
Nunca te negou uma migalha,
Uma verdade mentirosa ou sequer
Um abraço.
Parceiro de uma vida,
Colega de alma,merece um beijo.
Que a hipocrisia impede...
Merece beber algo com mais de doze anos.
Enquanto fiel for.
Evaporar a sua mente,
Sentir-se sem controle
Abandonar a razão que tanto preza,
Jesus não precisaria transformar água em vinho
A água não bastava?
É realidade, e “da cabo da sede braba”.
Mas não transcende o real,
Já teu vinho é imaginação
É criatividade , é explosão irracional.
Siga ao teu mestre e salvador,
Louco , rima com pouco
Pouco me respeitaria se essa rima fizesse
Pouco teria bebido pra escrever essa linha,
tão feia quanto a tua bocetinha.
Agradeço pelo pão,
Agradeço pela prece
Não se aprece...
Minha fome pode esperar
Pela sua caridade tímida ,
E por suas vergonhas
Pois imagino que deve ser difícil seu mundo.
Seu café , seu almoço
Ou a janta que você desprezou pois está de dieta.
Difícil ter uma vida regrada a amigos, festas e luz
Deve ser difícil abrir o armário e não saber escolher o que comer.
Não se aprece ,
Por favor não se aprece
Todo esse luxo, todo esse lixo
Que luxo de lixo,
É lixo tanto luxo
O luxo mais lixo ,
Lixo como minha alma ,
Que não tem luxo , é podre.
Ter tudo , e não ter nada.
A vida me proporciona ,
Mas nunca emociona.
Meu scoth não tem gosto.
Se pudesse esquecer tudo que li
E cuspir todas teorias...
Ah se eu pudesse...
Não sei o quero,
Mas tenho certeza do que não quero:
Minha vida.
Gritar nu pelas ruas,
Correndo pela avenida aurora
Para ver o que os outros não vêem
Sentindo o que acha que ninguém sentiu,
Por aquilo que já chamaram de amor
que derrete a cada nova manhã
ou que Platão diria se tratar do lado escuro da caverna.
Sem saber o que é certo ou o que é errado
Atirando frustrações para todos os lados
Afim de , explodir como um bolha no deserto
Atravessando o mesmo sob o sol escaldante
E a porra da noite que nem luar tem.
Ébrio de desejo,
Embriagado de tesão
Atrás de farelos de amor
Onde a overdose é uma quimera.
Tropeça, sente a areia boca,
O sangue em tua própria face
E vislumbra o brilho no olhar de quem te cerca.
E enfim encontra um abrigo nesse olhar.
Felicidade irônica ,
Amor traiçoeiro,
Sempre a espera do tapa na outra face,
E enquanto não vêem ,
Trate de forrar o leito com folhas verdes,
E aproveitar o bom do amor.
Enquanto o copo suportar ,
De baixo do sol quente ,
Leva sua marmita , não tão quente assim
Assim vai o trabalhador
Carregando suas tabuas,
Quebrando pedras, machucando os dedos,
Soa feito um porco
Fede feito um animal.
Para por quinze minutos
Como sua saborosa marmita
E volta a trabalhar :
“Trabaia” “Trabaia” e “Trabaia”.
Até o seu corpo não agüentar mais, até fadiga domina-lo.
E enfim o divino sinal.
O som que salva o dia do peão.
E fim de expediente, e ele vai pra casa.
Para no bar como os amigos, toma sua branquinha.
Tem medo,
Medo de chegar em casa bêbedo e a patroa não o querer.
Sábio, decide ir a uma casa onde será bem recebido.
Feliz com sua decisão, ela vai...
Sem pudor,
Sem compromisso, certo do que o que faz não é pecado.
Mas não foi bem recebido,
Elas não o querem
Dizem quem está fedido, suado...
E o trabalhador perde (nas mãos de outras trabalhadoras )
Perde o direito a lazer.
Dorme.
Dorme que amanha as cinco você tem que trabalhar.
O torpor é prazeroso e quente
É gelado e inconstante
Te faz sentir fraco
E mesmo que fraco te faz forte
Se sentir dono do mundo
Ou até mesmo o próprio mundo.
Estar entorpecido por méritos não-convencionais
Traz a excitação dos jovens com a experiência do mais velhos,
Te faz crer que é sábio,
Que de fato não é só mais um
E que,
Pode sim ser uma pessoa especial.
: “do pó viemos, ao pó voltaremos ”
eis a palavra de deus.
Estar, mas nunca ser!
É sem dúvida o karma dos loucos
Dos que si consideram diferentes
Se encontrar em ambientes com milhões de pessoa
E ainda sim,
Se sentir só.
Como se ninguém ali fosse capaz de te entender
Ou no mínimo compartilhar de seus anseios.
Simples insetos, vermos loucos por um raio de luz
Desvairados atrás de uma atenção mínima.
Morram!
Morram todos que não vêem ,
Morram todos que não entendem
E principalmente , todas que não querem ver.
A vida começa a fazer sentido,
Quando temos consciência e
Plena aceitação da morte.
Pois isso impulsiona a vida,
Faz com que busquemos notoriedade,
E mais do que isso
Nos faz buscar felicidade exacerbada ,
Ao ponto que, se tivéssemos a oportunidade
Repetiríamos a mesma vida por toda a eternidade.
Assim sendo, a intensidade e o momento
São mais valorizados.
Trazendo mais emoção
E muito mais surpresas..
Porque no fim...
vamos morrer.
Caio Vinicius 26/02/2005
5 comentários:
texto que escrevi no auge dos meus 16 anos.
nunca mais voltou.
MESMO.
bonito, bonito.
Não lembro exatamente a crítica que fiz neste texto há dois 2 anos atrás....
Mas hj apenas digo: apetece!.
Beijo.
postado em mais um dia 29...q p vc é so mais um dia 29
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