céu azul
o sol a pino
eu quase ouço o som do mar
mas são carros
aqui onde vivo o mais absoluto silêncio é um automóvel distante
meus vizinhos são antenas e edifícios e gigantes luminosos e urbanóides aves
loucas melodias,
distinta a fauna.
um helicóptero se aproxima como um inseto de poças d’água,
pousa sobre o grande hotel
e isto deve ser notícia para alguém
são vários mundos em um só
cobertos pela mesma angústia azul
e pelas mesmas
nuvens magras
daqui quase se pode tocar a dor do homem e da mulher contemporâneos
do trabalhador em depressão que não consegue sair da cama
do que na padaria troca o café-com-leite pela vodca com limão
do mendigo vestindo flanelas (calada fome)
e da atendente mãe-de-três no petshop (loiros conformados cabelos oxigenados)
e do rapaz da lotérica (quer casar, faz poupança)
e dos fiscais de trânsito e polícias (a lei, a lei!),
a dor que nos faz quem somos quando sorrimos.
é só mais um dia
de dezembro,
pensamentos são faíscas.
03 janeiro 2008
cumulus nimbus
tags
calmaria,
tempestade
Um comentário:
"a dor que nos faz quem somos quando sorrimos"
melhor frase do meu início de 2008.
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