Era quase dia quando Pablo a viu entrar naquele ônibus, resmungou algo, acendeu um amargo cigarro e caminhou lentamente por passos trôpegos, perdidos e totalmente desconexos parecendo um andarilho louco, mas parou para amarrar seu all star branco-acinzentado.
Ensurdecido pela a fumaça de seu cigarro, quase não ouviu a triste voz de uma cigana que lhe pediu um cigarro. Assustado, Pablo procurou o maço que deveria estar em seu bolso, sem êxito e por impulso ofereceu o cigarro de sua mão.
Com um sorriso atemporal a cigana olhou fundo nos olhos de Pablo e tomou em mãos o cigarro, após tragar lentamente pediu para ler a mão de Pablo.
- Não!
(respondeu asperamente.)
Após um longo silêncio de quase catorze segundo Pablo quis andar, mas não conseguira pois algo o prendia naquela fotografia , constrangeu-se pela sua grosseria e pediu desculpas para a cigana que afirmou não se importar dizendo:
- É sempre assim, não costumo esperar afeto ou um mínimo de educação das pessoas.Não mereço.
O silêncio voltou a imperar por mais alguns instantes até que Pablo estendeu sua mão para que a cigana a pudesse ler.
Enquanto roubava o anel de Pablo a cigana disse:
- É ela, o teu lótus.
3 comentários:
cara, honestamente, muito interessante isso que você fez aqui. sério.
meio bom.
Escárnios da vida privada são, no mínimo, pitorescos.
esqma...
"me lembrou janiero"
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