29 setembro 2007

ela.

Era quase dia quando Pablo a viu entrar naquele ônibus, resmungou algo, acendeu um amargo cigarro e caminhou lentamente por passos trôpegos, perdidos e totalmente desconexos parecendo um andarilho louco, mas parou para amarrar seu all star branco-acinzentado.

Ensurdecido pela a fumaça de seu cigarro, quase não ouviu a triste voz de uma cigana que lhe pediu um cigarro. Assustado, Pablo procurou o maço que deveria estar em seu bolso, sem êxito e por impulso ofereceu o cigarro de sua mão.

Com um sorriso atemporal a cigana olhou fundo nos olhos de Pablo e tomou em mãos o cigarro, após tragar lentamente pediu para ler a mão de Pablo.

- Não!

(respondeu asperamente.)

Após um longo silêncio de quase catorze segundo Pablo quis andar, mas não conseguira pois algo o prendia naquela fotografia , constrangeu-se pela sua grosseria e pediu desculpas para a cigana que afirmou não se importar dizendo:

- É sempre assim, não costumo esperar afeto ou um mínimo de educação das pessoas.Não mereço.

O silêncio voltou a imperar por mais alguns instantes até que Pablo estendeu sua mão para que a cigana a pudesse ler.

Enquanto roubava o anel de Pablo a cigana disse:

- É ela, o teu lótus.

3 comentários:

george jung disse...

cara, honestamente, muito interessante isso que você fez aqui. sério.

meio bom.

Unknown disse...

Escárnios da vida privada são, no mínimo, pitorescos.

Anônimo disse...

esqma...

"me lembrou janiero"